terça-feira, 27 de outubro de 2009

Broto de Primavera!

Este é um dos segredos mais deliciosos de São Paulo, que me foi contado pelo Diogo, que cozinhava no Satya Mandir, e disse que era uma lanchonete onde o cardápio estava sendo transformado em vegano, e que eu devia conhecer.

Fui umas duas vezes lá perto sem conseguir localizar, até que uns dois meses atrás finalmente achei o Broto de Primavera, na Rua São Joaquim, 295, uma quadra abaixo do Metrô São Joaquim.

O que eles fazem lá é incrível. Não só tem refeições diariamente substituídas, como ainda servem sanduíches, bolos, salgados, e vendem duas incríveis surpresas veganas.

As refeições são no esquema prato feito, saindo por uns R$ 16,00, incluindo um prato de salada e uma repetição. Um dos melhores pratos que eu comi lá foi um escondidinho de carne de soja, que é aquele bolo de batata e carne temperado, preparado de um jeito tão gostoso que eu pensei que tinha carne de verdade na receita. Mas não tinha, é a mão mágica do André e de sua esposa.

Aos sábados eles servem uma paella vegana que é também incrível: molhada, tenra, com pedaços de vegetais cuja textura lembra mesmo os frutos do mar que originalmente vão nessa receita espanhola.

E todos os dias servem umas massas que também são magníficas, o destaque sendo o macarrão à carbonara, que leva tofu fundido, tofupiry e uma criação própria deles que é o "dito cujo", pedaços de tofu seco temperadíssimos que lembram queijo ralado.

Fora as refeições, também servem um hamburguer com tofupiry que é delicioso e barato (R$ 6,00) e um lanche tipo natural, com uma pasta de tofu, esse "dito cujo" e bastante cenoura, num pão integral, que é excelente (R$ 4,00). Tem ainda uns salgados dos quais eu destaco os "guiozas" de cogumelos, que podem ser fritos na chapa ou assados (R$ 3,00).

Se você ainda tiver espaço no estômago - e eu tenho! - eles têm uns três tipos de bolos que fogem do padrão bolo-vegano-sem-graça-e-oleoso, típico de quem começou a cozinhar bolo vegano mas não se aperfeiçoou. É que o Broto de Primavera recebe seus bolos de uma boleira profissional, que nem vegana é, mas que adaptou umas receitas e ficaram excelentes. O bolo de cacau é macio, tenro e desmancha delicadamente na boca. Mas os de amendoim e de cupuaçu, pra mim, são invencíveis, não só por serem uma criativa raridade, mas pelo sabor de cada um: forte e encorpado, do amendoim, e azedinho e ousado, do cupuaçu. Cada fatia é R$ 3,50.

É pouco ou quer mais? Mas tem mais sim: fora esses pratos todos que você come lá - ou leva pra viagem, se quiser - o Broto de Primavera ainda tem duas surpresas INCRÍVEIS. Sério, a parada é louca: eles desenvolveram duas pastas/antepastos para acompanhar o pão. Uma é o Camembert Vegano e o outro é a VegSardela.

O Camembert Vegano, na verdade, lembra um gorgonzola pastoso. Mas isso não é demérito não: é uma pasta incrível, não sei mesmo como o André conseguiu tirar esse sabor todo do tofu pra fazer uma coisa tão doida como esse "camembert". O gosto da cura está lá, o cheiro tá lá, mas é tudo vegetal. Incrível!

Mas não tão incrível quanto a VegSardela. Se essa VegSardela fosse um disco, seria um disco duplo com vinil transparente e encarte por R$ 3,00. Se fosse quadrinhos, seria uma Graphic Novel em capa dura, quatro volumes, no plástico, por R$ 2,00. Ou seja, não parece coisa desse mundo. O André tirou um sabor de tomate, pimenta e proteína vegetal que eu nunca imaginei que pudesse ser tirado. É melhor que sardella de verdade, disseram tanto minha mãe quanto o seu namorado "gourmet". É pra comer com nacos de pão italiano fresquinho, regado de azeite, acompanhado de uma cervejinha (sem álcool, no meu caso), ao lado da pessoa amada, conversando com amigos e pensando o quanto a vida pode ser boa. Porque quando você come essa VegSardela, tudo fica bem. Tudo faz sentido. O céu se abre, o Sol brilha, os pássaros cantam e as pessoas dançam como num musical de Hollywood nos anos 40.

O potinho com 250 gr. de Camembert Vegano sai por R$ 6,00 e a mesma porção de VegSardella sai por R$ 7,00.

Sério, comam isso. Comam e chorem, sorriam, se reconciliem com amigos com quem brigaram, batam nos seus inimigos temidos, tirem a roupa e dancem pelados na chuva. Ou não. Mas comam.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O melhor hamburguer vegano de São Paulo!

Hamburguers veganos - e vegetarianos em geral - geralmente são bons só pra nós que somos veganos, mas não pro resto do mundo. Excessivamente farinhentos em alguns casos, borrachudos em outros, mas geralmente sem gosto, parecendo mais um amontoado de proteína de soja triturada. Triste, mas verdade.

Mesmo em casos onde lanchonetes tradicionais fazem suas versões vegetarianas, o sabor fica muito aquém do que se espera. Mesmo adicionando ovos aos hamburguers - why? why? why? why?why? - não funciona sem queijo ou maionese pra encobrir a falta de sabor.

Felizmente, de uns anos pra cá a situação tem mudado, com boas opções não apenas de hamburgueres congelados ou resfriados, pra fazer em casa, como também de hamburgueres servidos no sanduíche-iche-iche mesmo.

No caso dos hamburgueres do Vegacy a verdade tem que ser dita: eles fazem atualmente os dois melhores hamburgueres veganos da cidade!

Vou começar falando do "menos melhor", que é o de grão-de-bico. É uma massinha de grão-de-bico triturado meio grosseiramente, com uma casquinha fininha, sabiamente temperado. Pode ser servido como sanduíche ou no prato, com acompanhamentos. O sabor lembra o daquela massa argentina, a fainá. Pode ser pedido frito ou na chapa, mas eu prefiro o frito pela crocância.

Esse hamburguer poderia ser o melhor da cidade, se não fosse o fato do Vegacy ter outro hamburguer no cardápio que, esse sim, é a perdição dos veganos, a tentação dos gordinhos, a tristeza dos comilões compulsivos livres de crueldade: o hamburguer de tofu defumado!

Quando eu comi a primeira vez, pensei que fosse de calabresa, e me deu aquela sensação de "deja vu" dos meus tempos de topo da cadeia alimentar. Mas o que lembra a calabresa é a defumação do tofu que serve de base pro hamburguer, somada aos deliciosos temperos da massa.

Não espere sutilezas ou delicadezas nesse hamburguer: aqui é tudo em estado bruto, sabor explosivo, forte, marcante, tão inebriante que assusta, e fica na memória por dias, semanas, meses!

Também é servido no sanduíche e no prato, e parece que agora tanto este quanto o de grão-de-bico virão acompanhados de um queijo vegano que o André Vieland está preparando. Até agora eu provei umas lasquinhas desse queijo, e posso afirmar que é a melhor coisa que lembra um queijo que eu já comi.

Não sei como está a produção desses queijos do bem fora do Brasil, mas se o pessoal do Vegacy engrenar nesse plano do queijo acho que vão se dar muito bem, podendo até sair do público vegetariano-vegano, pois o queijo deles é não apenas saborosíssimo, lembrando um parmesão, mas também tem a textura parecida, meio fibrosa e firme, e, o melhor, derrete quando aquecido!

Mas enquanto o queijo não integra o cardápio do Vegacy dá pra se deliciar com os hamburgueres - que custam em torna de R$ 8,00 -, os sucos, deliciosos salgados e docinhos como os cupcakes e fatias de bolo.

É uma ótima época pra ser vegano!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Oficina de Molhos Veganos!


Dia 19/09/2009 vai acontecer mais uma vez em São Paulo a Oficina de Molhos Veganos do Alan Chaves, que é um simpaticíssimo gaúcho que, interessado filosófica e gastronomicamente na culinária vegana, se formou cozinheiro pelo Senac, e desde então viaja pelo Brasil compartilhando seus conhecimentos com os interessados, num rolê que ele chama de Veg Tour. Mais informações no blog dele, Vida Vegan .

Na edição anterior dessa oficina o Alan nos ensinou a escolher facas e a manusea-las, assim como a cortar corretamente os vegetais pra fazer os molhos. E depois passamos umas três horas assistindo a preparação de combinações deliciosas, práticas e baratas, que viraram molhos de
pimentão, pesto, agridoce, vinagrete, laranja, maionese de soja, tahine (Gergelim), assim como duas pastas, uma de batata com cenoura e outra com cenoura e gergelim.

O melhor é você não só aprende a fazer esses molhos e pastas, mas acaba provando-os também, na mesma hora, já que ao fim de cada preparação os molhos são degustados por quem faz o curso. Ou seja, se tiver interesse, vá de barriga vazia.

Os dados desta oficina estão no cartaz que eu colei nessa postagem, e maiores informações sobre o roteiro do Alan podem ser obtidas no link do blog dele que eu indiquei no comecinho da postagem.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Uma noite no D.O.M.

Faz um tempo que não escrevo, não por falta de vontade, mas por uma combinação de falta de tempo com uma certa vergonha de não ter mais fotos para postar. É que não tenho como levar uma câmera digital pra todos os lugares que vou e vira e mexe descubro alguma coisa gostosa onde e quando menos espero.

Então, como regra, vou continuar a postar independentemente das fotos que eu tire. Se der, eu posto com fotos, se não der eu só relato o que conheci.

E assim eu vou falar da minha ida ao D.O.M., o restaurante do televisivo Alex Atala. Li em algum lugar que ele tinha desenvolvido um menu inteiramente vegetariano, só com itens brasileiros. Claro que fiquei curioso, e com a minha parceira de descobertas gastronômicas fui pra lá hoje.

Todos os pratos são deliciosíssimos e surpreendentes pela combinação de ingredientes, pelas texturas e pelo sabor. Escolhemos uma opção do cardápio que é o menu degustação vegetariano, com acompanhamento de águas e sucos que se harmonizam aos pratos.

A entrada foi um carpaccio de pupunha com algas e melancia, com uma florzinha - que deveria ser comida primeiro - cujo gosto lembra o de ostras. Confesso que depois de quase vinte anos de vegetarianismo nem me lembrava do gosto de ostra, mas realmente o gosto da florzinha era totalmente inesperado. A mistura dos sabores - o maitre sugeriu que comessemos tudo junto - era incrível.

Depois veio um prato que era uma mistura de cogumelos crus em lascas com shitake cozido, cercado de um consomé que era a água do cozimento do shitake.

O segundo prato era um arroz negro meio tostado com leite de castanhas-do-pará coberto com o que pareciam ser grãos de sal grosso. O terceiro prato foi totalmente de quiabo: papel de quiabo - também não conhecia, parece ser uma pasta de quiabo seca e fina lembrando um papel -, caviar de quiabo - são as sementes na babinha -, quiabo tostado e quiabo cozido, com ervas aromáticas e um caldo de quiabo.

O mais gostoso era o quarto prato: uma calda que parecia ser de jabuticaba, mas não adocicada, com crocante de arroz, coberta de uma espuma de shitake deliciosamente cremosa e leitosa. Esse deu pena de ter acabado tão rápido.

Pra finalizar nos serviram um purê de batatas com queijos, mas tivemos que lembrar que sendo veganos não queríamos essa opção. O maítre então nos ofereceu em compensação duas sobremesas, que eram igualmente incríveis: uma gelatina de limão cobrindo fatias de banana, chamada pela casa de ravioli de banana, acompanhada de uma linha de caramelo e cobrindo outra de um creme de piprioca, que é uma erva aromática amazônica que eu não conhecia, e que de acordo com o maítre é usada pioneiramente como ingrediente culinário pelo restaurante. Uau, hein?

A outra sobremesa era uma espuma de manga, com duas folhas de crocante de manga caramelizada, acompanhada de sorbet de côco. Maravilhoso.

As águas e sucos que acompanharam combinaram muito bem com os pratos, mas a que mais me impressinou foi a de cambuci, que é aquele pimentãozinho verde rechoncudo. Eu gostei tanto que o maítre me ofereceu um sorbet de cambuci, que estava levíssimo e delicioso.

Enfim, foi um jantar muito gostoso e inusitado. O atendimento é excelente, todos são extremamente atenciosos e o ambiente é delicioso. Os pontos negativos são dois, combinados: o tamanhico das porções e o tamanhão dos preços. Dizem que a alta gastronomia é assim mesmo, tudo vem de pouquinho e o preço é grandão. Não sei, por ser vegano não tenho muito acesso à alta gastronomia. Achei caro demais. Talvez o preço se justifique pela fama do local. Mas não acho que os ingredientes são tão caros quanto os dos demais pratos do cardápio, que são queijos caros, cortes de carnes nobres e peixes como salmão.

Mas nem tudo é rancor do proletário esfomeado que eu sou: vale pra se conhecer pelo inusitado das combinações e pela luz de esperança que joga sobre a culinária vegana.

Depois de comer essas delícias, fica a certeza de que procurando e experimentando, podem ser encontradas combinações gastronômicas iguais às da culinária "normal", e, nesse caso, melhores. Uma flora como a nossa, com tantas castanhas, frutas, legumes, raízes e algas, deve ter muito mais opções pra se comer do que nós imaginamos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O melhor Ovo de Páscoa Vegano de São Paulo!

Acredite: um dos melhores ovos de páscoa de São Paulo é vegano. E não sou eu quem diz isso, mas sim duas avaliações seguidas do suplemento Paladar do "Estado de São Paulo" - veja aqui a deste ano. Eu descobri esse ovo de páscoa ano passado, quando foi eleito pela reportagem do Paladar como o melhor de São Paulo. Fiquei curioso, pois o dava a impressão de ser um ovo vegano: recheio maciço de marzipã - aquela massa feita de amêndoas e açúcar - coberto por uma casca de chocolate amargo.

Liguei no fabricante, Chocolates Marghi, e depois de falar com umas três pessoas, finalmente o dono da chocolateria confirmou que não havia nenhum ingrediente animal no ovo de marzipã, apenas cacau, manteiga de cacau, amêndoas e açúcar. Comprei uns três ano passado, e a experiência foi tão incrível que acabei comprando mais este ano pra presentear outras pessoas.

O segredo desse ovo está na mistura mágica do doce pastoso mais firme do marzipã - e é marzipã de amêndoas mesmo, não de castanhas como outros por aí - com o amarguinho crocante da cobertura de chocolate. Acho que demora umas duas ou três mordidas até a boca se acostumar e realmente identificar um gosto de fundo que é o do marzipã com um leve toque de cacau. É um doce inteligente sem obviedades: o seu sabor de verdade não é descoberto de cara.

O ovo é compacto, pesa uns duzentos gramas, e custa R$ 22,00. É um preço meio alto, mas pros padrões dos chocolates de autor de São Paulo - ou seja, os dos artistas do chocolate artesanal - é um preço incrivelmente baixo.

E mesmo se fosse caro, este é um daqueles itens caros que compensa cada centavinho gasto. É um doce tão incrível, tão fino e saboroso, que faz até a gente se perguntar se é vegano mesmo.

O endereço da Chocolates Marghi é o único ponto negativo aqui: fica em Interlagos, longe pra dedéu do Centro da cidade, onde eu moro - veja aqui o endereço e telefone.

Mas é um daqueles passeios que compensam, especialmente se você se agendar pra só ter que ir lá um mês sim outro não, como eu faço, e comprar outras delícias pra degustar nesse meio tempo.

Eles têm também uma série de pães de mel veganos - mas com mel mesmo - que são incrivelmente deliciosos, e vendem chocolates de origem controlada, com aquelas percentagens de cacau altíssimas - de 60% em diante - e origens exóticas como Madagascar, Porto Rico, Venezuela.

Sei que está meio em cima da Páscoa pra dar essa dica, mas eu estava esperando pra tirar uma foto dos ovos que comprei e não achei minha máquina digital, e nem achei na internet fotos dos ovos que eu falo aqui. Mas no link do começo do texto pra reportagem do Paladar dá pra ver esse ovo ao longo da reportagem - é o terceiro da esquerda pra direita na segunda fileira da foto dos ovos, clicando nele abre uma imagem maior - e acho que só de olhar a foto a boca já enche dágua.

terça-feira, 10 de março de 2009

Projeto de Lei Sobre Ingredientes Animais

Recebi do Fred, um amigo vegano, este e-mail sobre um projeto de lei sobre a clareza nas embalagens de produtos acerca do conteúdo ou não de produtos animais.

Não é uma veganlicia, mas é uma coisa importantíssima e imprescindível pra quem é vegano.

"No link abaixo, vocês vão perder 30 segundos para preencher os seus dados e contribuir para que a questão do veganismo seja colocada em pauta no senado. Trata-se de um projeto de lei que exige que os produtos industrializados tragam informações claras se envolvem ou não o uso de ingredientes animais.

Simples, mas facilitaria demais a vida dos veganos e das pessoas que não desejam dar apoio à crueldade animal."

Por favor, votem e passem adiante.

O link é www.vista-se.com.br/expedito

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

BISTRÔ SATYA MANDIR!

O Satya Mandir é um espaço de yoga - como se chamaria um espaço de yoga? academia? salão? eu não sei - que tem nos fundos um bistrozinho que já era vegetariano antes, e nas mãos do Diogo o bistrô virou vegano, e uma dos melhores opções veganas de São Paulo.

O Diogo, pra quem não sabe, é cozinheiro vegano de mãos cheias. Já trabalhou com o Lila na sua lanchonete no Brás e depois na região da Augusta, e, também, no Vegethus de São Paulo. E agora ele comanda a cozinha do Bistrô Satya Mandir, na Al. Franca, 444, Jardins, em São Paulo (T. 3284 7961).

O ambiente é bem agradável. Apesar da cozinha ser minúscula, tudo é limpo, fresco, espaçoso e claro, pois o teto da área onde ficam as mesas é de vidro, deixando passar a claridade desses dias de verão.

A comida é fantástica. Nas duas vezes em que eu fui - última sexta-feira e hoje - comi fartamente e me deliciei com as criações veganas do Diogo.

De entrada ele fez um pãozinho de massa integral, que parece algo entre um pão sírio e um chapati, assado na hora, com uma porção de guacamole, servidos num prato salpicado com gergelim torrado salgado e fiozinhos de azeite. Tudo aqui é delicioso, o pão é quentinho e molinho, o guacamole é super temperado, e a mistura dessas texturas e sabores com o detalhe do gergelim ao azeite dá uma explosão de sabor na boca. Eu podia ter almoçado só isso, de tão bom que é.


Como prato principal veio um brócolis ao molho branco gratinado e arroz com cúrcuma, mais um "omelete" de couve que eu pedi. O molho branco do brócolis é incrível, nem parece que é de soja, e é servido com fios de tofu defumado, que dão um toque especialíssimo, lembra um pouco parmesão. O "omelete" de couve é estupendo, é feito com farinha e couve, fica com uma textura de tortilha mexicana, bem macio e tenro.


Na outra vez que almocei lá eu comi um risoto chinês, que é um prato inesquecível, incrível. O Diogo o faz com salpicão, amendoins chineses inteiros e gergelim, o que dá um toque oriental e saborosíssimo ao prato. Eu adoro essas misturas de textura mole, tenra e crocante, e esse risoto é campeão nesse ponto.

De sobremesa eu comi um pão/bolo de massa integral recheado com uma pasta de amendoim e regado com fiozinhos de melado. O doce é muito bom, mas ficaria melhor com a cobertura sugerida pelo Diogo, de creme de leite de soja.



O preço dos pratos é um pouco acima da média de uma refeição vegetariana em São Paulo - o prato principal sai por R$ 17,00 e o acompanhamento sai por R$ 8,00, fora bebidas e 10% - mas a sua localização é numa vizinhança meio cara mesmo. Mesmo assim, o que se paga é o que se come, e a comida vale cada real gasto aqui.

Outro simpático diferencial do Bistrô é o fato de que o Diogo faz todos os pratos, quase tudo na hora. A comida então não apenas é fresca e mais saborosa - não ficando cozinhando eternamente naqueles mostruários de restaurante, o que costuma secar ou tirar do ponto alguns pratos - como ainda é mais artesanal e bem-cuidada.

O Diogo ainda faz pães salgados e doces e cookies, de massa integral, e também é banqueteiro, com preços bem em conta.

Esta é a primeira postagem com fotos que eu mesmo tirei, vou tentar daqui pra frente manter esse hábito, acho que fica melhor falar de comida podendo ver a comida, não é?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sorvete de Chocolate "Gourmet"


A Patisserie Douce France é uma confeitaria no sentido antigo e francês da palavra, pois não vende só "confeitos", mas, também, chás, pães, salgados, sorvetes e, claro, doces e chocolates.



Não tem muitas opções veganas, pois a culinária francesa manda ver nos laticínios e ovos nos doces, e nos pratos salgados comem praticamente todos os animais e os produtos deles derivados.



Mas dentre as opções veganas que a Douce France serve está um deliciosíssimo sorbet de chocolate amargo. Sorbet é o sorvete feito sem leite, e que geralmente é de frutas, especialmente as mais ácidas ou cítricas, como abacaxi, maracujá e limão.



Aqui a Douce France criou um sorbet de chocolate amargo que é, essencialmente, pra gourmets. Sim, não espere um sabor de chicabon ou de chocolate ao leite. Aqui o que se tem é aquela grandiosidade monumental do chocolate em estado degustativo puro, sem atenuação de seu sabor misteriosamente amargo por excessos se açúcar.



Na verdade, mal se percebe que o sorvete é doce, pois o açúcar foi usado com uma economia incrível, criando uma nuance mínima, que só acentua o sabor de cacau torrado do sorvete.



Como a própria Douce France diz, seus produtos são feitos todos com ingredientes naturais, sem conservantes nem nada, então o resultado é que esse sorbet derrete bem rápido, e o choque de sabor que ele provoca na boca - um amargor levemente adocicado numa versão gelada e cremosa - some se você demora muito pra degustá-lo e deixa derreter o sorvete.



Assim que eu digo que é uma opção de sorvete de gourmet, e não só pelo fato de ser um sabor difícil, que não é facilitado por açúcar ou gordura em excesso, mas, também, pelo fato de ser mais caro do que a média dos sorvetes veganos em São Paulo. Acho que o preço de uma bola é em torno de R$ 10,00.



Serve pra se conhecer um sabor novo, praqueles que são veganos curioso. E serve pra impressionar gente chata que acha que comida vegana é tosca, malfeita ou sem luxo. Sim, pois o lugar é chiquérrimo, frequentado por gente endinheirada, então se quiser botar uma banca em alguém ou convidar o gato ou gata pra impressionar, esse é o lugar.


Acho que tem outras opções veganas, como um sorbet de pitanga numa tacinha de chocolate amargo (o nome é Berimbau, e é o da foto), e os macarrons, que eu comia antes, mas parei achando que não são veganos. Como aqui eu só posto aquilo que provei, falo desses outros numa outra chance que apareça de ir lá e provar.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Massas Veganas Chinesas!


Por indicação de um amigo - Mandioca, do blog manihot - fui comer neste restaurante chinês da Liberdade, o Rong He (Rua da Glória, 622-A, Liberdade, T.: 3275 1986).



Já tinha lido sobre ele numa edição do suplemento Paladar do Estado de São Paulo sobre restaurantes orientais da Liberdade que fogem do estereótipo peixes-yakissoba-sushis.



E a surpresa foi fantástica. Como o blogo do Marcelo Katsuki diz, o Rong He é especializado na cozinha do Norte da China, dando ênfase às massas, como macarrões, pastéis e guiozas.



As opções veganas estão numa seção do cardápio que é de pratos vegetarianos. Mas tem que prestar atenção, claro, pois nem todos os pratos vegetarianos lá são veganos. Os garçons - especialmente as simpaticíssimas Lau e Diana - explicam tudo com paciência, e podem dizer quais pratos contém ovo ou não.



As massas deles são feitas lá mesmo, e esse é o diferencial do Rong He em relação a outros restaurantes: a cozinha deles é o lado das mesas, e por um vidro se vê a preparação da massa, que é feita na hora, com farinha, óleo, água e sal, e levada para o cozimento para o prato pedido.



Eu recomendo, mesmo assim, que não se chegue muito tarde, já que o restaurante fecha às 22:30, e da primeira vez que fui tive que comer massa seca, ou seja, previamente preparada, e não fresca. Estava muito bom, claro, mas a massa fresca é melhor.



De opções veganas que eu comi, sugiro como entrada o amendoim com vinagre chinês, que é amendoim torrado sem sal banhado num vinagre aromático adocicado. Depois, como pratos principais, um dos salgados - ou pastel de vegetais, que é assado e tem acelga, cebola, alho-poró e macarrão de arroz (não muito salgado, mas pode ser temperado com shoyu) ou então guioza grelhado, que tem o mesmo recheio - e uma massa.



As massas que comi são deliciosas - já provei umas 4 nas vezes em que fui -, mas a campeã é do macarrão de arroz picante (acho que o número do cardápio é 106). É uma massa grossa, com o formato de um nhoque não cortado, longa, de arroz moti, que é aquele arroz oriental mais grudento. Ela vem num molho apimentadíssimo com pedaços de uma alga escura e tecos de presunto vegetariano. O molho de pimenta é bem forte, então quem não aprecie muito a "picância" pode pedir pra amenizar a pimenta. Esse macarrão é campeão, ele é grudento mas vai derretendo na boca, e a mistura desse sabor meio base dele com o condimentado do molho e do presunto faz uma combinação mágica.



Nas sobremesas não tem muita opção, mas a que tem é deliciosa: um sagu com leite de côco e bolinhas de melancia. Uma delícia, uma explosão de frescor depois de toda a comida condimentada da refeição principal. Mas deve se pedir que essa sobremesa seja "veganizada", pois o prato original tem leite condensado.



O preço de uma refeição pra um comilão como eu foi de aproximados vinte reais, divididos, incluindo bebida. Acho que se a pessoa for comer sozinha deve pedir um prato só, já que as porções são hiper generosas.