Fui umas duas vezes lá perto sem conseguir localizar, até que uns dois meses atrás finalmente achei o Broto de Primavera, na Rua São Joaquim, 295, uma quadra abaixo do Metrô São Joaquim.
O que eles fazem lá é incrível. Não só tem refeições diariamente substituídas, como ainda servem sanduíches, bolos, salgados, e vendem duas incríveis surpresas veganas.
As refeições são no esquema prato feito, saindo por uns R$ 16,00, incluindo um prato de salada e uma repetição. Um dos melhores pratos que eu comi lá foi um escondidinho de carne de soja, que é aquele bolo de batata e carne temperado, preparado de um jeito tão gostoso que eu pensei que tinha carne de verdade na receita. Mas não tinha, é a mão mágica do André e de sua esposa.
Aos sábados eles servem uma paella vegana que é também incrível: molhada, tenra, com pedaços de vegetais cuja textura lembra mesmo os frutos do mar que originalmente vão nessa receita espanhola.
E todos os dias servem umas massas que também são magníficas, o destaque sendo o macarrão à carbonara, que leva tofu fundido, tofupiry e uma criação própria deles que é o "dito cujo", pedaços de tofu seco temperadíssimos que lembram queijo ralado.
Se você ainda tiver espaço no estômago - e eu tenho! - eles têm uns três tipos de bolos que fogem do padrão bolo-vegano-sem-graça-e-oleoso, típico de quem começou a cozinhar bolo vegano mas não se aperfeiçoou. É que o Broto de Primavera recebe seus bolos de uma boleira profissional, que nem vegana é, mas que adaptou umas receitas e ficaram excelentes. O bolo de cacau é macio, tenro e desmancha delicadamente na boca. Mas os de amendoim e de cupuaçu, pra mim, são invencíveis, não só por serem uma criativa raridade, mas pelo sabor de cada um: forte e encorpado, do amendoim, e azedinho e ousado, do cupuaçu. Cada fatia é R$ 3,50.
É pouco ou quer mais? Mas tem mais sim: fora esses pratos todos que você come lá - ou leva pra viagem, se quiser - o Broto de Primavera ainda tem duas surpresas INCRÍVEIS. Sério, a parada é louca: eles desenvolveram duas pastas/antepastos para acompanhar o pão. Uma é o Camembert Vegano e o outro é a VegSardela.
O Camembert Vegano, na verdade, lembra um gorgonzola pastoso. Mas isso não é demérito não: é uma pasta incrível, não sei mesmo como o André conseguiu tirar esse sabor todo do tofu pra fazer uma coisa tão doida como esse "camembert". O gosto da cura está lá, o cheiro tá lá, mas é tudo vegetal. Incrível!
Mas não tão incrível quanto a VegSardela. Se essa VegSardela fosse um disco, seria um disco duplo com vinil transparente e encarte por R$ 3,00. Se fosse quadrinhos, seria uma Graphic Novel em capa dura, quatro volumes, no plástico, por R$ 2,00. Ou seja, não parece coisa desse mundo. O André tirou um sabor de tomate, pimenta e proteína vegetal que eu nunca imaginei que pudesse ser tirado. É melhor que sardella de verdade, disseram tanto minha mãe quanto o seu namorado "gourmet". É pra comer com nacos de pão italiano fresquinho, regado de azeite, acompanhado de uma cervejinha (sem álcool, no meu caso), ao lado da pessoa amada, conversando com amigos e pensando o quanto a vida pode ser boa. Porque quando você come essa VegSardela, tudo fica bem. Tudo faz sentido. O céu se abre, o Sol brilha, os pássaros cantam e as pessoas dançam como num musical de Hollywood nos anos 40.
O potinho com 250 gr. de Camembert Vegano sai por R$ 6,00 e a mesma porção de VegSardella sai por R$ 7,00.
Sério, comam isso. Comam e chorem, sorriam, se reconciliem com amigos com quem brigaram, batam nos seus inimigos temidos, tirem a roupa e dancem pelados na chuva. Ou não. Mas comam.