terça-feira, 22 de setembro de 2009

O melhor hamburguer vegano de São Paulo!

Hamburguers veganos - e vegetarianos em geral - geralmente são bons só pra nós que somos veganos, mas não pro resto do mundo. Excessivamente farinhentos em alguns casos, borrachudos em outros, mas geralmente sem gosto, parecendo mais um amontoado de proteína de soja triturada. Triste, mas verdade.

Mesmo em casos onde lanchonetes tradicionais fazem suas versões vegetarianas, o sabor fica muito aquém do que se espera. Mesmo adicionando ovos aos hamburguers - why? why? why? why?why? - não funciona sem queijo ou maionese pra encobrir a falta de sabor.

Felizmente, de uns anos pra cá a situação tem mudado, com boas opções não apenas de hamburgueres congelados ou resfriados, pra fazer em casa, como também de hamburgueres servidos no sanduíche-iche-iche mesmo.

No caso dos hamburgueres do Vegacy a verdade tem que ser dita: eles fazem atualmente os dois melhores hamburgueres veganos da cidade!

Vou começar falando do "menos melhor", que é o de grão-de-bico. É uma massinha de grão-de-bico triturado meio grosseiramente, com uma casquinha fininha, sabiamente temperado. Pode ser servido como sanduíche ou no prato, com acompanhamentos. O sabor lembra o daquela massa argentina, a fainá. Pode ser pedido frito ou na chapa, mas eu prefiro o frito pela crocância.

Esse hamburguer poderia ser o melhor da cidade, se não fosse o fato do Vegacy ter outro hamburguer no cardápio que, esse sim, é a perdição dos veganos, a tentação dos gordinhos, a tristeza dos comilões compulsivos livres de crueldade: o hamburguer de tofu defumado!

Quando eu comi a primeira vez, pensei que fosse de calabresa, e me deu aquela sensação de "deja vu" dos meus tempos de topo da cadeia alimentar. Mas o que lembra a calabresa é a defumação do tofu que serve de base pro hamburguer, somada aos deliciosos temperos da massa.

Não espere sutilezas ou delicadezas nesse hamburguer: aqui é tudo em estado bruto, sabor explosivo, forte, marcante, tão inebriante que assusta, e fica na memória por dias, semanas, meses!

Também é servido no sanduíche e no prato, e parece que agora tanto este quanto o de grão-de-bico virão acompanhados de um queijo vegano que o André Vieland está preparando. Até agora eu provei umas lasquinhas desse queijo, e posso afirmar que é a melhor coisa que lembra um queijo que eu já comi.

Não sei como está a produção desses queijos do bem fora do Brasil, mas se o pessoal do Vegacy engrenar nesse plano do queijo acho que vão se dar muito bem, podendo até sair do público vegetariano-vegano, pois o queijo deles é não apenas saborosíssimo, lembrando um parmesão, mas também tem a textura parecida, meio fibrosa e firme, e, o melhor, derrete quando aquecido!

Mas enquanto o queijo não integra o cardápio do Vegacy dá pra se deliciar com os hamburgueres - que custam em torna de R$ 8,00 -, os sucos, deliciosos salgados e docinhos como os cupcakes e fatias de bolo.

É uma ótima época pra ser vegano!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Oficina de Molhos Veganos!


Dia 19/09/2009 vai acontecer mais uma vez em São Paulo a Oficina de Molhos Veganos do Alan Chaves, que é um simpaticíssimo gaúcho que, interessado filosófica e gastronomicamente na culinária vegana, se formou cozinheiro pelo Senac, e desde então viaja pelo Brasil compartilhando seus conhecimentos com os interessados, num rolê que ele chama de Veg Tour. Mais informações no blog dele, Vida Vegan .

Na edição anterior dessa oficina o Alan nos ensinou a escolher facas e a manusea-las, assim como a cortar corretamente os vegetais pra fazer os molhos. E depois passamos umas três horas assistindo a preparação de combinações deliciosas, práticas e baratas, que viraram molhos de
pimentão, pesto, agridoce, vinagrete, laranja, maionese de soja, tahine (Gergelim), assim como duas pastas, uma de batata com cenoura e outra com cenoura e gergelim.

O melhor é você não só aprende a fazer esses molhos e pastas, mas acaba provando-os também, na mesma hora, já que ao fim de cada preparação os molhos são degustados por quem faz o curso. Ou seja, se tiver interesse, vá de barriga vazia.

Os dados desta oficina estão no cartaz que eu colei nessa postagem, e maiores informações sobre o roteiro do Alan podem ser obtidas no link do blog dele que eu indiquei no comecinho da postagem.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Uma noite no D.O.M.

Faz um tempo que não escrevo, não por falta de vontade, mas por uma combinação de falta de tempo com uma certa vergonha de não ter mais fotos para postar. É que não tenho como levar uma câmera digital pra todos os lugares que vou e vira e mexe descubro alguma coisa gostosa onde e quando menos espero.

Então, como regra, vou continuar a postar independentemente das fotos que eu tire. Se der, eu posto com fotos, se não der eu só relato o que conheci.

E assim eu vou falar da minha ida ao D.O.M., o restaurante do televisivo Alex Atala. Li em algum lugar que ele tinha desenvolvido um menu inteiramente vegetariano, só com itens brasileiros. Claro que fiquei curioso, e com a minha parceira de descobertas gastronômicas fui pra lá hoje.

Todos os pratos são deliciosíssimos e surpreendentes pela combinação de ingredientes, pelas texturas e pelo sabor. Escolhemos uma opção do cardápio que é o menu degustação vegetariano, com acompanhamento de águas e sucos que se harmonizam aos pratos.

A entrada foi um carpaccio de pupunha com algas e melancia, com uma florzinha - que deveria ser comida primeiro - cujo gosto lembra o de ostras. Confesso que depois de quase vinte anos de vegetarianismo nem me lembrava do gosto de ostra, mas realmente o gosto da florzinha era totalmente inesperado. A mistura dos sabores - o maitre sugeriu que comessemos tudo junto - era incrível.

Depois veio um prato que era uma mistura de cogumelos crus em lascas com shitake cozido, cercado de um consomé que era a água do cozimento do shitake.

O segundo prato era um arroz negro meio tostado com leite de castanhas-do-pará coberto com o que pareciam ser grãos de sal grosso. O terceiro prato foi totalmente de quiabo: papel de quiabo - também não conhecia, parece ser uma pasta de quiabo seca e fina lembrando um papel -, caviar de quiabo - são as sementes na babinha -, quiabo tostado e quiabo cozido, com ervas aromáticas e um caldo de quiabo.

O mais gostoso era o quarto prato: uma calda que parecia ser de jabuticaba, mas não adocicada, com crocante de arroz, coberta de uma espuma de shitake deliciosamente cremosa e leitosa. Esse deu pena de ter acabado tão rápido.

Pra finalizar nos serviram um purê de batatas com queijos, mas tivemos que lembrar que sendo veganos não queríamos essa opção. O maítre então nos ofereceu em compensação duas sobremesas, que eram igualmente incríveis: uma gelatina de limão cobrindo fatias de banana, chamada pela casa de ravioli de banana, acompanhada de uma linha de caramelo e cobrindo outra de um creme de piprioca, que é uma erva aromática amazônica que eu não conhecia, e que de acordo com o maítre é usada pioneiramente como ingrediente culinário pelo restaurante. Uau, hein?

A outra sobremesa era uma espuma de manga, com duas folhas de crocante de manga caramelizada, acompanhada de sorbet de côco. Maravilhoso.

As águas e sucos que acompanharam combinaram muito bem com os pratos, mas a que mais me impressinou foi a de cambuci, que é aquele pimentãozinho verde rechoncudo. Eu gostei tanto que o maítre me ofereceu um sorbet de cambuci, que estava levíssimo e delicioso.

Enfim, foi um jantar muito gostoso e inusitado. O atendimento é excelente, todos são extremamente atenciosos e o ambiente é delicioso. Os pontos negativos são dois, combinados: o tamanhico das porções e o tamanhão dos preços. Dizem que a alta gastronomia é assim mesmo, tudo vem de pouquinho e o preço é grandão. Não sei, por ser vegano não tenho muito acesso à alta gastronomia. Achei caro demais. Talvez o preço se justifique pela fama do local. Mas não acho que os ingredientes são tão caros quanto os dos demais pratos do cardápio, que são queijos caros, cortes de carnes nobres e peixes como salmão.

Mas nem tudo é rancor do proletário esfomeado que eu sou: vale pra se conhecer pelo inusitado das combinações e pela luz de esperança que joga sobre a culinária vegana.

Depois de comer essas delícias, fica a certeza de que procurando e experimentando, podem ser encontradas combinações gastronômicas iguais às da culinária "normal", e, nesse caso, melhores. Uma flora como a nossa, com tantas castanhas, frutas, legumes, raízes e algas, deve ter muito mais opções pra se comer do que nós imaginamos.